Testemunhas novas sonham com um anúncio que mude suas vidas; o que ocorre de fato, na maioria das vezes, é uma reinterpretação qualquer de um versículo qualquer que a Testemunha sequer sabia de sua existência e explicação.
Nos Estados Unidos, a reunião é puramente ritualística. A cúpula, que ao longo do ano aprovou releituras de versículos, não sente qualquer emoção além daquela causada por um gole de vinho despejado na goela todas as manhãs. A sub-cúpula se ocupa com os afazeres da reunião, arranjos de cadeiras, iluminação e cores adequadas para ficar bonito na TV. Todo mundo faz orações para tudo dar certo, mas sempre é preciso gritar com um ajudante que veio sabe-se lá de onde e não faz nada direito.
Na data especial, Testemunhas selecionadas assistirão ao evento presencialmente. Membros do Corpo sorriem para fotos, são cumprimentados de perto, saudados à distância. O evento lhes é vazio de sentido, mas é preciso seguir com o teatro.
No fim do dia, o cansaço exige de todos ainda mais esforço para manter o sorriso; se há luzes e câmeras, é preciso atuar porque o show não pode parar. Quais foram os anúncios? Quem se importa?
Pelo resto do ano e pelos anos à frente, a vida seguirá como dantes. Membros do Corpo continuarão na lida com garrafas de vinho às manhãs. Testemunhas de volta às suas casas riem mais, sorriem mais, e depois riem menos e sorriem menos porque percebem que lhes faltam razões para rir e sorrir.
Eu não sorrio há uma década porque me surrupiaram 20 anos de vida, 20 anos de meu tempo, 20 anos em dinheiro.
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